Ah! O sacrossanto poder da paciência...eu quero ter! Há dias em que é difícil, é uma batalha íntima. Agora entendo a minha querida Santa Teresa D´Ávila (alguém já leu? Ela é divinamente maga): a melhor coisa, advertia ela, é conhecer o castelo interior. Ah! Como eu queria chegar à sétima morada...total plenitude, comunhão, no stress, o face a face com o divino em mim. Quem sabe eu encontraria lá a paciência? Ali travaríamos um diálogo. E ela me esperaria e diria:
- "Oi! Estou aqui! Você me procura? Entre, fique à vontade, a casa é sua. Aqui tb reside a minha amiga Esperança. Esperança, essa é aquela que tenta lhe cultivar, lembra dela? Querida, essa é a VERDADEIRA Esperança". É claro que eu ficaria surpresa, no melhor estilo "cara de tacho", e diria:
- "Muito prazer! Então é na sétima morada que vocês se escondem? Mas por que se esconder?". Elas responderiam:
-"Não, na verdade não moramos aqui. Permeamos todas as outras moradas da alma. É que somos ofuscadas pelo obscurantismo, pelo racionalismo e, um sem número de vezes, pelo niilismo! Então, é difícil nos ver".
-"Então é preciso ser desarrazoado para vê-las na plenitude?", perguntaria estupefata, quase incrédula.
-"Não, não!". E ririam muito do meu espanto, com aquele riso zombeteiro de quem está por cima da situação:
-"Sabe o que é? Na sétima morada só abrimos a porta para quem conhece a senha: "Dilatasti cor meum, dilatasti cor meum".
Para bater à porta do castelo, dizem elas (e tb Teresa D´Ávila), é preciso orar...melhor, saber orar, porque isso dilata o coração para a verdadeira luz. Ai, ai, Madre querida, ajuda-me a encontrar a minha pedra filosofal? Ajuda-me a transmutá-la em ouro, no mais autêntico processo alquímico? Nem saí da fase nigredo, no entender de Jung. Ah! Tudo seria tão mais fácil se eu atingisse a fase albedo, a sétima morada da alma, alívio imediato, AION, plenitude. Ah! Como eu queria! Mas ai de mim, pobre mortal! Quero fazer parte do Olimpo, junto com Zeus, Apolo, Atenah, Diana, Afrodite...ah! Eu quero voar! Pra bem longe, posso? No melhor estilo "Voyage, Voyage", de Desireless: "Aux dessus des vieux volcans/Glisse des ailes sous les tapis du vent/Voyage, voyage/Eternellement"...ah! Je veux voler toujours...eternellement...et "Vole dans les hauteurs" ! E por falar em voar nas alturas, caí às duras na real. O telefone me chama.
Voltei. Tudo isso não seria o "Sonho de Ícaro"? Ceus! Telefone de novooooo! Voltei de novoooo. Acho que hoje me estenderei até meia-noite. Nãooooo! Telefone de novo! Haja fôlego pra falar tanto!
Continuando. Ah! Não quero acreditar que as minhas asas são de cera e que o sol irá derretê-las, não! Como disseram Cássia Eller e Nando Reis: "Não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida/ Olhar pro sol só ver janela e cortina". Quero ver bem mais dessa vida. Quero ver a luz. Então, Madre, ensina-me a encontrar e transformar a minha pedra filosofal e a usar essa chave que abre as portas do castelo para galgar a sétima morada: o AION, o divino em mim. Quero o AION! Ensina-me esse estado de beatitude, ensina-me a volitar, a voar, a plainar e a percorrer os labirintos do self, a encontrar ânima-ânimus, ego, inconsciente pessoal e coletivo, a integrar a sombra e a achar os eixos de personalidade e a tipologia personalística do meu ser, de modo a integrá-los tb. Dilatasti cor meum, dilatasti cor meum, dilatasti cor meum!!!
Paciência, paciência, paciência...esperança, esperança, esperança. Dilatasti cor meum, dilatasti cor meum, dilatasti cor meum!!!
Procedamus in pace, in nomine Christi
Amen!